domingo, 11 de março de 2012

Aos professores e a outros piegas

Sempre tive gosto pela leitura e pela escrita e, para aproveitar o sobejo tempo livre que tenho tido ultimamente, decidi criar um blog. Pensei de mim para mim que, se qualquer pessoa pode ter um, e se até a Carolina Salgado pode ser romancista, por que carga de água é que aqui o menino não há-de ser uma estrela da blogosfera? E assim foi.
Antes de abrir hostilidades (espero que literalmente!) gostaria de deixar aqui um abraço aos grandes queridos que proporcionaram a pessoas como eu algum tempo livre para estas macacadas. Refiro-me a todos aqueles que minaram a educação deste país com políticas levianas, contribuindo para que, números redondos, dúzias (muitas!!!) de professores estejam desempregados, 10% dos meus compatriotas não saibam ler nem escrever e, dos restantes 90%, metade não perceba patavina daquilo que lê e, quanto a escrever... está bem está! Nem é bom lembrar... 
Este agradecimento tem especial destinatário na figura do nosso primeiro-ministro, que, ao acabar com o programa Novas Oportunidades, reduziu ainda mais as minhas hipóteses de desempenhar a função para a qual fui bem preparado: ensinar e formar. Por outro lado, proporcionou-me o tempo necessário para me dedicar a este bonito espaço de dissertação.
Feitos os devidos agradecimentos, vamos ao que interessa. Nesta primeira publicação pretendo, sobretudo, contextualizar esta minha aventura. Tendo em conta o cenário de iliteracia supracitado, como quero chegar ao maior número de leitores possível, procurei criar um título apelativo para o meu blog. Como a ideia era publicar crónicas, num país que gosta mais de novelas da TVI do que de televisão e prefere o Correio da Manhã a jornais, tinha que pensar em algo que gerasse a predisposição para a leitura de textos de alto gabarito. Sendo a palavra "crónicas" um bocado insossa, optei por lhe juntar uma que, embora muitas pessoas nunca tenham visto escrita em lado nenhum, ouvem de cinco em cinco minutos nos programas da manhã da TV: "patologias". A doença é um tema muito caro aos portugueses e, sobretudo, às portuguesas. Bicos-de-papagaio, pedra nos rins, "castrol", "tiróide", "asiática" ou até mesmo "patite", são palavras que fazem fervilhar qualquer pensionista portuguesa, seja na sala de espera do centro de saúde, na paragem de autocarro ou no estúdio de televisão, atrás do Goucha, da Cristininha ou da Julinha. Portanto, "Patologias Crónicas", parece-me o nome ideal  para descrever o espírito da coisa e definir, desde já, o meu público-alvo: senhoras de meia-idade e para cima, doentes e telespectadoras dos programas da manhã da SIC e da TVI, mesmo que às vezes não possam ver porque têm de ir aos Correios ou à fruta. No entanto, se isto interessar a mais alguém, bom proveito! 
Antes de ir embora (volto já!), na antecâmara de mais um concurso do Ministério da Educação para a "deslocação" de docentes, dedico em especial esta primeira crónica, ou o que quer que isto seja, aos meus colegas professores e a outros piegas. 
Até breve!            

2 comentários:

  1. Em primeiro lugar, parabéns! Se o objectivo era dispor bem, até agora está a correr como previsto! Ah, e os escritos interessam mesmo a mais alguém, pois das categorias supra-citadas (velhotas e afins), apenas me incluo na dos professores que esperam avidamente não ser deslocalizados... E, confesso, de vez em quando espreito o Goucha e a Cristininha... :)

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  2. Ó meu bom amigo, mas que deleite com esta leitura! Nunca me tinham dedicado uma crónica! Fiquei bem disposta, sim senhor ;)Porém, espero até ao fim do ano já não me incluir no grupo dos deslocalizados ou dos "quem espera, desespera". E se "quem espera, sempre alcança", eu já ando nisto vai para dez anos e, caramba (!), o que alcanço é sempre o desemprego. Por isso, pieguices à parte, decidi livrar-me de uma vez por todas desta "patologia crónica" do "vamos ver como é que é pro ano". Estou decidida a mudar o meu rumo profissional. Ser dona do meu destino. Mais novidades em breve. Um abraço expectante.

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